Bem-vinda de volta, Marta
Marta, Marta, Marta...
Dizes tantas vezes que achas que se tivesses uma conversa com a rapariga de 13 anos que começou este blog, ela ficaria desapontada. Afinal, ela permitia-se ser feliz e tinha a coragem de sonhar. Queria ser médica, salvar o mundo e todos os medos desapareciam apenas com o folhear de um livro.
E é verdade que as angústias dos últimos anos não se dissolveram com livros. Aliás, sei até que os começaste a ressentir. Afinal, ser a heroína na nossa própria história veio a demonstrar-se mais difícil do que pensávamos.
Crescer é assustador, Marta. E embora a Marta de 13 anos não soubesse disso, se ela te visse agora, em vez de desiludida, apenas te daria o abraço que durante todos estes anos te recusaste a dar a ti mesma.
Porque embora queiras a toda a força tornar-te nela outra vez, há tanto que ela ainda não descobriu. Ela consegue, afinal, lidar com os seus demónios, como as personagens preferidas dela. Ela ainda não te viu a lutares por ti e a te colocares em primeiro. Ela não sabe quem é, Marta. Porque não se deixa ser alguém diferente daquilo que esperam dela. Ela ainda não experimentou falhar, Martinha. E eu sei que achas que isso é uma bênção. Que essa é a única forma de seres feliz. Porque, afinal, não foi quando começaste a errar que a tua vida se desmoronou?
Foi o início, Marta. Isto é o início. O 729, o SPSS e os ataques de lágrimas que te imobilizam. A euforia da noite, os abraços que garantem e o suspiro esperançoso. O suspiro que dás sempre que acabas um livro tornou-se realidade. Porque agora és a personagem principal e não mais a espetadora.
Adorava que este fosse o final feliz que mereces, sabes disso. Mas aprendeste que é um dia de cada vez, até não ser. É sobre os altos e baixos. É sobre lutares por ti todos os dias. E vais tê-lo, Marta, prometo-te. Já não estás sozinha. Juntei-me a ti e ter-me-ás para o resto da vida. E também terás o William, a Cath, o Sherlock e todos os amigos que fizeste enquanto não eras a tua casa e que te ensinaram que o amor vence sim, embora o mundo seja assustador e as pessoas sejam demasiado efémeras. Mas agora são eles que torcem por ti e te dão a força que te falta de vez em quando. Agora é a tua vez.
Este capítulo está a ser o mais avassalador. Mas continua a virar a página para o próximo, como a desbookada te ensinou. Nem sabes o que te espera.
Se ela te visse agora, Marta, quereria ser como tu.
Bem-vinda de volta. Tive saudades.
Até à próxima página,
Desbookada

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