Colori-me

As paredes do meu quarto são cor de rosa. Tinha 7 anos quando escolhi a cor. 

Queria que a primeira cor que visse assim que acordasse fosse a cor que associava à minha vida: cor de rosa.

Sempre fiz este tipo de associações de cores. Seja com nomes de pessoas, com sentimentos, disciplinas ou dias da semana. As palavras anexam cores e é através dessas que eu as defino.

Eu era cor de rosa, com 7 anos. Tal como a minha vida. Felizmente, tive a oportunidade de o ser e de a ter. Sinto-me grata todos os dias por isso.

Rosa era a cor. E o meu desejo inconsciente era o de uma vida futura semelhante à que sempre levara: simples, roçando o perfeita e com cheiro a rosa. Mas longe de mim perder tempo a pensar nisso. Estava demasiado ocupada a criar missões secretas e a inventar idiomas.

Acontece que a vida acontece. E, de repente, já são 16. Engraçada a duração de uma tinta...

Continua a ser a primeira cor que vejo e que respiro. No entanto, não a que imagino. 

Já não anseio uma vida cor de rosa. 

A questão é que quando analiso a minha vida atual, não observo apenas cor de rosa. Observo um mar de cor, com todas as cores. 

A minha vida é colorida. É cheia e intensa. E não consigo pensar uma pintura melhor, se não essa. 

Ao longo do caminho, mudei. Foi inevitável. 

Mas há 9 anos atrás a mudança assustava-me. Porque na altura não era necessária. Para quê alterar a minha pequena tela rosa?´

Agora limito-me a aceitar que o cor de rosa não é permanente (existem filmes e livros caso sintamos saudades💕). Mas porque tem de ser, se temos o amarelo, o vermelho, o azul e o preto?

Cores, cores e mais cores. 

É isso que almejo. É isso que me define. É isso que sou. Não me cinjo a uma cor. Não quando existem 50 tons diferentes...

Desculpa, Rosa. A culpa não foi tua, entendes? Descobri apenas que consigo obter-te misturando vermelho e branco. E que a vida é muito mais divertida com cor. 

Agora vou fechar a tampa do meu computador preto, ir lavar os dentes com a minha escova roxa e deitar-me nos meus lençóis azuis.

Ahh, tão bela que é a vida...

Até à próxima página,

Desbookada

"If you can't be good, be colorful" Pete Conrad