Livro: "Ficarei à tua espera"
Nunca fui grande fã de livros românticos sobre adultos. Provavelmente porque não sou uma adulta. Mas não sei, este foi diferente.
Imagina que a vida é uma mochila com brinquedos. Sentes-te absolutamente feliz por tê-la embora às vezes seja difícil acreditar que a tens mesmo. São os teus bem mais preciosos e não os trocarias por nada. Tanta gente à procura de brinquedos com que brincar e tu tem-nos ali. Só para ti. Quando quiseres.
No entanto, um dia olhas e já lá não estão. Foram-te retirados. E darias tudo para tê-los de volta. Afinal, quem és tu sem eles? Mas sabes que não voltam. Sabes que os perdeste de vez. E porquê?
Gerry faria tudo para que, oxalá, fossem somente brinquedos. Porém, no seu lugar, estão as mulheres que mais ama na vida.
A filha, Tanya, decidiu que o seu lugar já não era junto dos seus pais, agora que anunciaram a chegada de um novo membro à família: um irmãozinho. Parte então com o namorado mais velho viver uma vida livre de responsabilidades, da qual não faz parte a sua família, impossibilitando esta de entrar em comunicação com ela.
Após o nascimento do segundo filho, tentando em vão superar a perda de Tanya, Gerry e a sua esposa Maureen retornam a uma vida paternal, redescobrindo a felicidade que um recém-nascido pode acrescentar às suas vidas.
Mas rapidamente a tragédia regressa à vida de Gerry, quando Maureen, com quem estava casado há mais de 20 anos, morre sem aviso prévio, deixando-o nos braços com um bebé de escassos meses e um coração desolado.
E ele vai contar-nos tudo aquilo que precisa de contar. E os meses que sucedem o pior dia da sua vida.
Adorei a escrita do livro. Foi delicada e simples, mas tão profunda ao mesmo tempo.
Encarei o livro como se fosse uma chamada telefónica entre mim e Gerry. Fui lendo-o aos poucos e sempre que pegava nele contava com um desabafo dele. Dei por mim, quando passara já algum tempo sem folhear o livro, a sentir saudades de Gerry e de Maureen e Tanya, que permanecem nos seus pensamentos.
Sentia a força de Gerry ser trespassada por entre as páginas do livro, o seu tumulto interior ganhar uma dimensão descomunal.
Por vezes, a história podia parecer ligeiramente repetitiva por haver uma descrição detalhada do dia a dia do pai e filho, mas rapidamente nos deparamos envoltos no quotidiano daquelas duas personagens que, num ápice, se tornam nossas amigas.
Há tanto sentimento, tanta aprendizagem, tanta esperança e tanta determinação. Talvez faça bem ler este tipo de livros. Pode ser que eu aprenda alguma coisa com os mais sábios. Mas em relação ao amor, penso que somos todos aprendizes.
"Estou tão distante como ontem
Ou como os raios de Sol a pôr-se
Mas uma coisa aprendi ao longo da vida
É que partir não significa partir para sempre"
Até à próxima página,
Desbookada

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