Desabafo: Como mudar quem sou?
Este mês tem sido caótico, embora tenha livros incríveis para partilhar com vocês. Mas ainda não é já. Agora preciso de (escrever) falar com vocês. Pode ser?
Há uns anos atrás uma verdade atingiu-me com a força de me derrubar. Uma verdade que nunca tinha posto em causa e uma verdade que desde essa altura me persegue: a minha verdade. A verdade de quem sou, o que pode ser pateta. E eu também achava. Se vivo comigo há uns bons anos, seria de certo, que soubesse quem sou e de que sou feita. A parte "do que sou feita" aprendo em Ciências mas a outra ninguém me ensina. Porque todos partimos do princípio de que não é preciso. Nós sabemos, certo?
Mas eu pelos vistos não sabia.
Embora não gostasse do meu corpo, tivesse dias maus e ,por vezes, me sentisse um pouco perdida, havia uma base que não mudava e que sabia que seria onde recorreria sempre. Eu. A pessoa que era sempre me deixara orgulhosa. Não era cruel, amava todos e não me portava mal. E eu com 11 anos achava que isso era suficiente. Achava que isso significava ser um anjo e merecer todo o bem do mundo.
À medida que fui entrando na adolescência não fui só questionando o mundo, os meus amigos, os meus pais. Comecei a questionar-ME e foi aterrador. Foi o pior de tudo. Porque eu iria sempre amar os meus pais, incondicionalmente, mesmo com uns gritos e uns sermões acolá. E os amigos vão e vêm. Mas eu não. Eu teria de viver comigo para o resto da vida. Acordar com o meu corpo, a minha alma e a minha mente, até ao derradeiro dia.
E comecei a sentir ódio, vergonha, desilusão. Como é que eu viveria com isso? Saber que não era suficiente, que não merecia ser feliz?
Vi que por detrás da rapariga de cabelo atado com um sorriso torto se encontrava futilidade, egocentrismo, egoísmo, vaidade, altivez, hostilidade e inveja...E tanto mais que detestava.
Eu NÃO queria ser assim. Eu não quero. Mas sou. Trago dentro de mim tudo o que julgava noutras pessoas. E não posso negá-lo nem evitá-lo.
Cada dia tento mudar. Puxar mais um sorriso e olhar mais para os outros. No entanto, existem dias em que "tentar" não soa a suficiente. E isso basta para me arruinar o dia. E noutros, acho que tudo é possível, que conseguirei tornar-me na pessoa que quero, que estou apenas em reconstrução, como vos falei num post.
Não sei, sabem. Não sei bem o que fazer, nem como ser uma pessoa diferente. Mas tento. Creio que isso seja bom.
Sei que tenho de mudar. Comecemos por aí.
Até à próxima página,
Desbookada
Há uns anos atrás uma verdade atingiu-me com a força de me derrubar. Uma verdade que nunca tinha posto em causa e uma verdade que desde essa altura me persegue: a minha verdade. A verdade de quem sou, o que pode ser pateta. E eu também achava. Se vivo comigo há uns bons anos, seria de certo, que soubesse quem sou e de que sou feita. A parte "do que sou feita" aprendo em Ciências mas a outra ninguém me ensina. Porque todos partimos do princípio de que não é preciso. Nós sabemos, certo?
Mas eu pelos vistos não sabia.
Embora não gostasse do meu corpo, tivesse dias maus e ,por vezes, me sentisse um pouco perdida, havia uma base que não mudava e que sabia que seria onde recorreria sempre. Eu. A pessoa que era sempre me deixara orgulhosa. Não era cruel, amava todos e não me portava mal. E eu com 11 anos achava que isso era suficiente. Achava que isso significava ser um anjo e merecer todo o bem do mundo.
À medida que fui entrando na adolescência não fui só questionando o mundo, os meus amigos, os meus pais. Comecei a questionar-ME e foi aterrador. Foi o pior de tudo. Porque eu iria sempre amar os meus pais, incondicionalmente, mesmo com uns gritos e uns sermões acolá. E os amigos vão e vêm. Mas eu não. Eu teria de viver comigo para o resto da vida. Acordar com o meu corpo, a minha alma e a minha mente, até ao derradeiro dia.
E comecei a sentir ódio, vergonha, desilusão. Como é que eu viveria com isso? Saber que não era suficiente, que não merecia ser feliz?
Vi que por detrás da rapariga de cabelo atado com um sorriso torto se encontrava futilidade, egocentrismo, egoísmo, vaidade, altivez, hostilidade e inveja...E tanto mais que detestava.
Eu NÃO queria ser assim. Eu não quero. Mas sou. Trago dentro de mim tudo o que julgava noutras pessoas. E não posso negá-lo nem evitá-lo.
Cada dia tento mudar. Puxar mais um sorriso e olhar mais para os outros. No entanto, existem dias em que "tentar" não soa a suficiente. E isso basta para me arruinar o dia. E noutros, acho que tudo é possível, que conseguirei tornar-me na pessoa que quero, que estou apenas em reconstrução, como vos falei num post.
Não sei, sabem. Não sei bem o que fazer, nem como ser uma pessoa diferente. Mas tento. Creio que isso seja bom.
Sei que tenho de mudar. Comecemos por aí.
Até à próxima página,
Desbookada

Uma vez, estava tão zangada com o universo que afirmei, como se fosse um facto cientificamente comprovado, que mudar é a única forma de ser melhor.
ResponderEliminarAlguém me desmentiu. Disse que a nossa estrutura, aquela que excede a componente biológica, nunca mudará. Aqueles detalhes supérfluos vão e vêm a bel prazer da vida, mas o nosso centro, a nossa base, essa vai ficar sempre cá por mais que a tentemos desmanchar. Pessoa esperta, não achas? ;)
E vim a concordar com a pessoa esperta. Mudar é bom, é necessário, é tudo! Mas eu acho que a palavra como um todo é mal aplicada. Ninguém precisa de mudar. Todos precisamos de melhorar.
Mas melhorar não é sinónimo de tormento. Tudo a seu tempo. Não podemos esperar ser as pessoas mais bondosas, fantásticas e irrepreensíveis desta galáxia e da outra num estalar de dedos! Não podemos viver tão fixos à ideia da perfeição (porque sim, inevitalmente, acaba por ser uma corrida à perfeição) que isso nos doa mais do que a dor que possamos estar a provocar aos outros!
Então, reconstrói-te Desbookada, e ergue uns castelos e uns montes por aí. Mas não te percas na tua frustração. Como podes construir um reino se nem sabes onde o estás a construir?